quinta-feira, setembro 22, 2005

A Mulher que (por enquanto não) Matou o Peixe

Oi, Pessoas! Tudo bem?

Livro publicado, lançamentos marcados, Castelo das Águias na reta final e... eis que de repente surgiu alguém novo em minha vida. Ou melhor, em nossas vidas. Pois a chegada de um bichinho de estimação envolve toda a família, especialmente uma como a nossa, afetiva e dada a cuidados e preocupações.

É preciso que vocês saibam de antemão que não sou muito chegada a animais. Não que não goste deles - pelo contrário, quem lê este blog e os meus livros sabe que sou fascinada por lobos, coiotes e águias, e até por alguns animais domésticos, como os gatos - mas, por opção, prefiro não ter bichos em casa, por várias razões que vão da falta de espaço até a falta de tempo e paciência para cuidar deles. Minhas sobrinhas, que são todas loucas por bichos, sempre me provocaram dizendo que um dia a Luciana iria querer ter um, e a resposta da Tia Ana sempre era a mesma: "O máximo que eu vou permitir é que ela tenha um aquário"!

Pois é. As palavras têm força.

Na sexta-feira passada, fui buscar Luciana na creche, e eis que ela vem ao meu encontro carregando um saco plástico no qual havia um peixinho preto, nadando, desesperado (pois devia estar estressadíssimo), numa água meio amarelada. Obra e graça da mãe de um menino de outra turma que, em vez do famoso "saquinho surpresa" de aniversário, resolveu agraciar os amigos do filho com seres vivos, sem perguntar se os pais concordariam... e ainda de uma das professoras, que decidiu dar os peixes que tinham sobrado àquelas crianças que, na sua opinião, cuidariam melhor deles. E quem foi a primeira a ser contemplada? Ora... Luciana, é claro!

E, é claro, nem pensar em frustrar a expectativa naqueles olhinhos, recusando-me a cuidar do peixe. Levei-o para casa, com todo cuidado - imaginem se o saquinho caísse no chão! - e assim que cheguei recebi a primeira, e preciosa, informação do porteiro: o peixe não podia ser colocado direto na água limpa, mesmo filtrada. Leiga como sou e temendo fazer alguma bobagem, liguei para minha irmã, que sugeriu um vidro de maionese ("tampado com uma peneira, senão o peixe pula"!) e a manutenção da água em que o bichinho tinha vindo, até o dia seguinte. Foi o que fiz, e ainda joguei umas migalhinhas de pão na água, pensando, seja o que Deus quiser... e preparada para enfrentar uma das duas situações no dia seguinte: Luciana inconsolável ou a compra do nosso primeiro aquário.

E, felizmente, deu a opção dois. No dia seguinte, lá estávamos todos, João, Lulu e eu, na pet shop mais próxima, procurando não só uma casa mas orientação sobre como cuidar do nosso peixinho. Foi quando ficamos sabendo a espécie dele (molinésia) e também que não podia ficar num aquário pequeno demais, tinha que ser um de tamanho médio, onde pudéssemos colocar uma bomba de oxigenação. Adquirimos o aquário, a bomba e um potinho de comida, além de um preparado para tirar o cloro da água, e... bom, para resumir, duas horas e meia depois lá estava nosso peixinho, nadando para lá e para cá no seu universo que, por enquanto, se resume a quatro paredes de vidro.

Mas isso não vai continuar assim por muito tempo. Ao longo desta semana, orientados em parte por um folheto da pet shop, em parte por um amigo do João que cria e conhece bem peixes, vimos observando o comportamento do nosso e tomando algumas decisões para o futuro. Já resolvemos que vamos comprar pedras para o fundo do aquário, e plantas, e talvez um aquário de "quarentena" para quando precisarmos trocar a água. Naturalmente compraremos outros peixes. Isso porque a nossa "menina" (segundo o amigo do João, a nadadeira inferior longa mostra que se trata de um peixe fêmea) ficará muito neurótica se continuar sozinha no aquário vazio... e porque, como diz o João, não vamos ter o ônus sem o bônus. Já que temos que dar comida, limpar o aquário e tudo mais, por que não nos deliciar com as piruetas de cinco ou seis peixinhos em vez de apenas um?

E por falar em Pirueta, esse é um bom nome para um dos próximos peixes. Quando o primeiro chegou, Luciana comentou que um amigo dela tem um passarinho chamado Peteleco, e esse ficou sendo também o nome do peixinho preto, agora mudado para Peteleca, sem apelação, por ser uma "menina". Já o peixe da Clarissa de Veríssimo era Pirolito (com o mesmo); estou pensando em sugerir esse nome para ficar um trio bem homogêneo. Peteleca, Pirueta, Pirolito... e quem mais? Só Netuno sabe.

Só é preciso ter cuidado para não errar a influência literária, de Clarissa para Clarice. Sou uma criatura estabanada que vive derrubando as coisas e batendo com o joelho nas mesas, e além de tudo sou distraída. Mas não quero carregar o karma de três (até onde eu sei) das mães dos amigos da Luciana, que não compraram o aquário a tempo e mataram os peixes.

Bom mergulho a todos!

Até a próxima!

Ana Lúcia

......

P. S. Para quem sentiu cheiro de livro no ar, eis as sugestões:

Clarissa, de Érico Veríssimo, reeditado pela Cia. das Letras (ou em várias edições facilmente encontráveis em livrarias e sebos).

A Mulher que Matou os Peixes, de Clarice Lispector, na 14a. edição pela Rocco.

Ana

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