terça-feira, setembro 21, 2004

Bibbi Bokken e a "outra" Ana: dicas de leitura

Pessoas Queridas,

Estes últimos tempos têm sido de muita correria e muitos afazeres. Para não deixar passar mais uma semana em branco, aqui vão duas dicas de leitura: obras escritas em princípio para o pessoal mais jovem, mas que têm tudo para agradar ao público em geral e, em especial, àqueles que gostam de histórias sobre livros, escritores e bibliotecas.

1. Ana e a Margem do Rio

Este livro de Godofredo de Oliveira Neto (Editora Record) tem como narradora uma jovem indígena, Ana, da etnia Nauá, que foi educada numa missão de freiras e cujo talento inato para escrever foi notado não apenas pelos professores locais, mas por pesquisadores do Brasil e do exterior. Ana registra em um caderno uma das velhas histórias que ouviu da mãe: a da parceria entre um jacaré e uma jibóia, com o concurso de outros animais e de dois índios que vagam à procura de sua gente, uma odisséia que parece não ter fim, tão complexa é a questão da identidade para os nativos americanos. Assim é também para Ana, cuja história vai sendo contada à medida que sua narrativa avança e se aprofunda, mesclando à lenda Nauá elementos de outras tradições e da própria cultura do colonizador. Quem é essa jovem, tão sensível, tão consciente e ao mesmo insegura de sua própria identidade? Qual dos caminhos que lhe são apresentados ela vai escolher? Em que margem do rio e da vida decidirá ficar?

Dêem asas a sua sensibilidade lendo a história de Ana... e depois preparem-se para uma longa jornada até a Noruega, a fim de descobrir um mistério fascinante:

2. A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken

Do autor de O Mundo de Sofia, Jostein Gaarder, em parceria com o escritor infanto-juvenil Klaus Hagerup (Cia. das Letras), esta é a história dos primos Berit e Nils e do seu envolvimento com a misteriosa Bibbi Bokken, que lhes aparece nos lugares mais improváveis, protagoniza uma série de eventos estranhamente coincidentes e tem, segundo parece, a ambição de possuir uma biblioteca de livros roubados. Ou seriam contrabandeados? Ou seriam, simplesmente... mágicos?

Para descobrir qual das suas hipóteses é verdadeira, Nils e Berit devem aprender um pouco sobre os livros, as bibliotecas e sua história, informações que vão sendo repassadas para o leitor. O grande barato é que, embora se utilize da mesma fórmula epistolar e do tipo de mistério usados em seus livros anteriores, Gaarder consegue desta vez fugir ao tom didático, mantendo o tom ágil, casual e bem-humorado de que se valem os primos em sua correspondência. Uma boa leitura, apesar do final um tanto previsível... e uma boa maneira de aliar o prazer à aquisição de conhecimentos, ainda que básicos, acerca de livros e bibliotecas.

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Espero que minhas alunas do curso de Organização e Dinamização de Bibliotecas Escolares cheguem a ler isto. Muitas delas me disseram que vieram visitar a Estante, mas, tímidas que são, preferiram não deixar comentários. O que eu respondo é: não renunciem a deixar sua marca. Aqui há muitos livros, mas um número infinitamente maior de páginas em branco. Escrevam, pois, não só neste espaço, mas onde quer que haja espaço. Estou esperando por vocês.

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Correndo, mais uma vez, atrás do meu sonho,

Abraços a todos!

Até a próxima!

Ana Lúcia

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