terça-feira, julho 06, 2004

A História de Ganesha



Segundo a tradição, Ganesha é filho de Parvati e de Shiva, o Deus relacionado às transformações e à destruição. Nascido durante uma das longas ausências de seu pai, Ganesha um dia recebeu da mãe a incumbência de guardar a porta do aposento em que ela estava se banhando, e fez isso tão bem a ponto de barrar até mesmo a entrada de seu pai, Shiva, que regressava da peregrinação sujo e coberto de cinza. Encolerizado ( ele está quase sempre assim), Shiva ordenou aos demônios de seu cortejo que atacassem Ganesha, mas este os derrotou a todos, só restando a Shiva se esgueirar por trás do garoto e decepar-lhe a cabeça.

Naturalmente, foi a vez de Parvati ficar furiosa (o que deve ser terrível, pois um dos aspectos de Parvati é o de Kali, a Deusa da Morte) e exigir que Shiva conseguisse outra cabeça, com o que ele partiu disposto a trazer a da primeira criatura que encontrasse dormindo voltada para o lado incorreto (ei, vocês, cuidado quando se deitarem esta noite!). Só que a criatura em questão não era humana... e, assim, Ganesha se tornou aquela figura que todos já devem ter visto: um Deus gordinho e fofinho, com uma cabeça de elefante e um livro numa das mãos.

Isso porque Ganesha tem uma função mais ou menos semelhante à do Hermes grego, protegendo os comerciantes, os viajantes, os artistas e os escritores (está explicada a minha simpatia por ele?). Ganesha é o Deus da fortuna, da sorte e da inspiração. Segundo a lenda, foi ele quem registrou o maior dos poemas épicos da Índia, o Mahabharata, que teria sido ditado pelo sábio Vyasa. A pena teria se partido no meio do relato, mas Ganesha estava tão fascinado pela história que quebrou uma de suas presas e continuou a escrever com ela. Por isso, a maior parte das estátuas do Deus-Elefante o retrata com uma presa quebrada. É como vocês vão encontra-lo em 9 entre 10 dos lares e principalmente lojas pertencentes a hinduístas, pois, como diz Jean-Claude Carrière, “seria arriscado não convidá-lo”!

Ah, sim... Quem é esse Jean-Claude?

Ele é o cineasta francês que filmou uma bela versão do Mahabharata, com artistas de várias nacionalidades. A história recontada por ele foi publicada no Brasil, e é a primeira das nossas


DICAS DE LEITURA

1. O MAHABHARATA : narrado por Jean-Claude Carrière. São Paulo : Brasiliense, 1991. Vale a pena conhecer o épico e a visão que dele teve o cineasta.

2. CARRIÉRE, Jean-Claude. Índia, um olhar amoroso. Rio de Janeiro : Ediouro, 2002. Carrière conta suas impressões da Índia, colhidas em várias viagens.

3. CHATTERJEE, Debjani. Ganesha, o grande Deus hindu. São Paulo : Madras, 1999. Várias lendas hindus, não só a de Ganesha. Foi escrito para jovens, é fininho, fácil e gostoso de ler.

4. LIVRO ILUSTRADO DE MITOS: recontados por Neil Philip. Porto : Livraria Civilização Editora, 1996. A história de Ganesha aparece numa versão um pouco diferente entre narrativas de mitos de vários povos, inclusive alguns pouco badalados, como os iranianos e os mongóis. A edição portuguesa é um pouco cara – R$ 67,70 foi o mais barato que achei na Internet – mas vale investir, pois o conteúdo e as ilustrações são excelentes.

Namas te!

E até a próxima!

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