quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Top Books 2006 (Gran Finale)

Queridas (e mui pacientes) Pessoas,

Entre duas longas ausências - a próxima, a partir de sábado, quando vou viajar - deixo aqui mais uma lista de sugestões de leitura. Dose dupla, para compensar o tempo entre os posts. Espero que curtam estas páginas tanto quanto eu!

Aí vão as duas categorias que faltavam:

Não-Ficção

- Debaixo da Minha Pele, de Doris Lessing. A brilhante e evocativa autobiografia de uma das escritoras que mais admiro, desde a infância numa fazenda africana até os anos da maturidade e do (merecido) sucesso. O segundo volume é Andando na Sombra, que, se não traz uma narrativa tão ágil, em contrapartida fornece muito material para reflexão. E... muita inspiração para escritores e escritoras (mais ou menos) iniciantes. ;)

- Tolkien in the Land of Heroes, de Anne J. Petty. Para conhecedores, estudiosos e - eu diria - principalmente fãs da obra de Tolkien. Traz uma análise de suas obras mais conhecidas, abordando conceitos como a queda, o pecado e a redenção sob o ponto de vista ético, moral e religioso, o que possibilita encontrar interessantes pontos de contato com as teorias de Jung e Campbell.

- Esqueletos no Saara, de Dean King. No século XIX, um grupo de marinheiros ingleses naufraga na costa da África e acaba aprisionado por nômades do deserto do Saara. Inicia-se aí uma odisséia, pontuada por todo tipo de dificuldade e sofrimento, para aqueles homens, até que alguns deles vislumbrem a possibilidade de resgate. Impressionante, denso e profundamente humano (e li em algum lugar que vão fazer o filme!).

- O Oposto de Destino, de Amy Tan. Coletânea de ensaios, crônicas e conferências da autora de O Clube da Felicidade e da Sorte, que rejeita - e consegue ultrapassar - o rótulo fácil de "sino-americana" para alcançar uma dimensão maior. Às vezes divertido, às vezes dramático, mas nunca enfadonho: um livro que realmente acrescentou algo a minhas reflexões.

- Na Trilha da Humanidade, de Airton Ortiz. Como eu leio todos do Ortiz - só este ano foram três - cito aqui o último e mais interessante como fonte de informação científica. A par das mais recentes descobertas no campo da Arqueoantropologia, o viajante gaúcho percorre as rotas trilhadas pelos hominídeos, desde as espécies mais remotas, culminando nos primeiros brasileiros. Aventura, emoção e muita pesquisa séria trazida para o leitor em prosa leve e saborosa. Dá-lhe, Ortiz!


Fantasia

- O Senhor dos Ladrões, de Cornelia Funke. Fugindo de uma tia que pretende separá-los, dois irmãos vão para Veneza, onde travam contato com um grupo de pequenos ladrões liderados pelo misterioso Scipio. Entre perseguições e confusões, o bando assume a tarefa de roubar um artefato mágico, que pode mudar a vida de heróis e bandidos. O filme é bom, mas o livro... infinitamente melhor.

- The Oxford Book of Modern Fairy Tales, editado por Alison Lurie. Coletânea de contos de fadas autorais (não recontados a partir do folclore, como os contos dos Irmãos Grimm) abrangendo um período que vai do século XIX até os tempos mais recentes. Se a qualidade literária é irregular, é fascinante o horizonte que se abre para a compreensão e apreciação do gênero.

- Páginas de Sombra, organizado por Bráulio Tavares. Outra coletânea, desta vez de contos fantásticos brasileiros - inclui desde Machado e Aluísio de Azevedo a Lygia Fagundes Telles e Heloísa Seixas. Muitos dos contos já são nossos conhecidos, de publicações mais antigas e mesmo antologias literárias, mas vale a pena tê-los reunidos e, principalmente, apresentados por Mestre Bráulio.

- A Saga Otori, de Lian Hearn. Não é um romance, mas uma trilogia, ambientada num universo que é - embora nunca se apresente claramente como tal - o Japão dos séculos XVI-XVII, com samurais, daimios, ninjas e uma seita que se assemelha à cristã. Devo ressalvar que, fora isso, o padrão é o da fantasia tradicional, mas com uma roupagem diferente e escrita com habilidade maior que a da média. Vale a pena ler.

- História do Rei Transparente, de Rosa Montero. Romance histórico, fantasia, ficção alternativa? Difícil rotular esta obra ambientada na França medieval, com fatos e personagens reais (embora, a autora avisa, alguns deles tenham sido remanejados no tempo e no lugar para tornar a trama possível), mas roçando, a todo momento, as fronteiras da narrativa fantástica. Alguns críticos acharam o livro pesado e com um viés forçadamente feminista, mas para mim foi simplesmente o melhor do ano. Confiram!!

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Bem, Pessoas... Por enquanto é isso. Ainda tenho dois dias antes de viajar (vou para Natal e depois para a Praia da Pipa, RN) e, nesse meio-tempo, tentarei fazer uma visita a seus cantinhos. Mais posts, infelizmente, só em Março, quando vou retomar a série Memórias da Leitura.

Até lá, quero que saibam que, apesar das faltas e das ausências, penso com muito carinho em cada um de vocês... e espero que nunca se esqueçam de mim.

Abraços a todos,

Até a próxima!

Ana Lúcia