segunda-feira, agosto 23, 2004

Fantastik: uma revista sobre fantasy fiction

Oi, Pessoas!! Tudo bem?

Hoje quero trazer uma dica de leitura especial para aqueles que gostam de fantasy fiction, em livros, quadrinhos, cinema e até mesmo games e RPG. Trata-se da revista Fantastik, lançada pela Mythos Editora, a qual vem preencher uma lacuna entre as publicações voltadas para o gênero.

Ao contrário da maior parte das revistas (há exceções, mas são raras), que costuma ser voltada para RPG e jogos e/ou publicar quadrinhos, Fantastiktem o diferencial de trazer vários (bons) artigos sobre Literatura, como uma análise das obras de fantasy no Brasil, assinada por Roberto de Sousa Causo (Número Zero), uma entrevista com a autora da série O Mundo de Crestomanci, Diana Wynne Jones, considerada por muitos uma precursora de J. K. Rowling (Número 1) e inúmeras resenhas de obras literárias. A revista traz também novidades no mundo dos games, quadrinhos e cinema: o Número Zero focalizava Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, que estava sendo lançado na época, enquanto o Número 1 tem matérias sobre Hellboy e Eu, Robô. Entre os dois, houve o Número Meio (sim, isso mesmo, o Número 0,5!!), lançado talvez como forma de testar o mercado para ver se Fantastik seria bem aceita pelo público. Pessoalmente, espero que sim... e que em breve eles anunciem que estão aceitando colaboração dos leitores!! ;)

Sem querer fazer propaganda da editora, não posso me furtar a comentar outra novidade que vi no site: eles estão publicando a primeira aventura da série Elfquest, de Wendy e Richard Pini, que conquistou fãs em todo o mundo na década de 80. Eu fui uma dessas fãs, especialmente do Strongbow, o caçador caladão que inspirou alguns personagens de meus contos, inclusive um outro Caçador que alguns de vocês já conhecem. Infelizmente, a história só está sendo lançada no Brasil agora, e ainda por cima em P&B e em formato pequeno... mas, mesmo assim, vale a pena!

Para quem não conhece a série, o site oficial (em Inglês) conta tudo. Já para quem não conhece O Caçador, basta procurar a sinopse e um trecho nos arquivos da Estante Mágica. Acho que vocês vão gostar... ou, pelo menos, apreciar o esforço.

E para quem leu e gostou, ou para quem simplesmente torce por mim, uma novidade. A data e o evento ainda não estão confirmados, mas é bem provável que o livro tenha um lançamento em São Paulo, na última semana de Outubro. Anotem, amigas e amigos paulistas! Quem sabe não teremos oportunidade de nos conhecer pessoalmente?

Abraços a todos (virtuais, por enquanto)!

Até a próxima!

Ana Lúcia

segunda-feira, agosto 16, 2004

Ana e os Lobos: poema bissexto

Pessoas,

Hoje quero postar aqui um poema que acabo de escrever. Se fosse impresso ainda teria cheirinho de tinta... mas, como este é um diário virtual, usem o faz-de-conta, OK? ;)

Este poema surgiu a partir da réplica que eu dei à pergunta "Qual é a porção lobo que existe em você?", da comunidade do Orkut Lobos : lindos animais. À parte as linhas tortas surgidas daí(um dia eu juro que aprendo a escrever poesia... ainda não foi desta vez!), foi curioso notar como a maior parte das pessoas que diz gostar de lobos se identifica com os solitários, que, na Natureza, não são encontrados com freqüência. Eu sou exatamente o contrário: um espírito clânico. E, dentre os muitos simbolismos do Lobo, aquele com o que mais me identifico é o de algumas nações nativas americanas, que relacionam o Lobo com o arquétipo do Mestre. Quando ele aparece como totem, isso significa uma propensão ou uma necessidade de estar junto, de transmitir sabedoria ou conhecimento ou pelo menos partilhar vivências e histórias... que é, como todos sabem, o que mais gosto de fazer!

Então, para vocês, que uivam sob a mesma lua, aí vai o poema:

.....

Ana e os Lobos

Eu e os lobos? Que dizer dos lobos?
São belos animais. Fortes e sábios,
Fiéis e cautelosos (não são bobos!).
Sua experiência, seu tempo, seu canto,
Passam adiante. São bons pais. Bons mestres.
Brincam de rolar com seus filhotes
- mais do que eu, Coiote.
Alguns são pioneiros... solitários.
Outros, como eu, espíritos gregários.
Mas em comum têm o cantar canções,
O vaguear na noite da floresta,
O mergulho do seu corpo ágil,
Feito flecha,
No espaço e no tempo.
Sem planos. Sem memória.
Assim sou eu, também, pensando histórias.
Vou inventando... sonhando... Vou voando,
Dando a mim mesma o máximo de corda.
E quando o sonho toma forma, corro atrás,
- bem como o Lobo faz.


.....

Boa caçada... e até a próxima!

Abraços a todos,

Ana Lúcia

terça-feira, agosto 10, 2004

Luciana: Pequeno Passo, Gigantesco Salto

Oi, Pessoas!! Tudo bem?

Pois é... Vários de vocês andam perguntando pela Luciana, que esteve por muito tempo ausente do blog, salvo por uma ou outra citação rápida. Eu costumava falar bastante a seu respeito, e de repente parei... não foi?

Na verdade, existe uma explicação, que eu só posso dar agora: na sua versão anterior, a Estante Mágica passou muito tempo na lista de “indicações” do Blig e, com isso, recebeu visitas não apenas de pessoas legais, mas também daquele tipo de gente que entra nos blogs alheios para ofender e ridicularizar o autor. Eu pedi que retirassem o blog da lista, mas isso só aconteceu após uns quatro meses, mais ou menos... e, por isso, preferi me restringir a artigos e informações sobre meus cursos e meu livro, sem entrar muito no campo pessoal. Não que, com isso, os “engraçadinhos” tenham parado de aparecer... Mas prefiro um milhão de vezes ler algo do tipo “sua nerd, vá praquele lugar, você escreve demais” do que insultos dirigidos à Luciana, como vi acontecer em outros blogs que falam sobre crianças. Isso é muito triste, revoltante mesmo... Mas é verdade.

Agora, que não figuro mais em nenhuma lista infame e voltamos a estar entre amigos, é com prazer que volto a falar sobre a Luciana, especialmente sobre as mudanças que ocorreram nos últimos meses. Para quem não sabe, minha filha está com três anos e meio, tem cachinhos louros, é alegre, marota e muito, muito tagarela (a quem será que ela puxou?). Seu gosto por livros e por ouvir histórias persiste, e percebemos um talento ou, pelo menos, uma atração pela dança do tipo clássico. Ela está muito esperta para a idade, argumenta muito bem (embora com uma lógica toda particular) e tem um temperamento meio autoritário, mas que quase sempre conseguimos contornar (sem dúvida, O Reizinho Mandão será uma das próximas “leituras estratégicas” da Mamãe). Na creche, está aprendendo as primeiras letras, muitas das quais já conhece e até reproduz... Enfim, está crescendo e se desenvolvendo a olhos vistos, o que nos deixa felizes e orgulhosos da nossa grande pequena!!

Mas o maior progresso, o que mais se pode notar porque realmente aconteceu em etapas bem marcantes, foi no campo do desenho. No início do ano, Luciana só fazia rabiscos; há três meses, começou a fazer, uma vez por outra, aqueles desenhos do tipo célula (um círculo com pontos e traços, como se fossem olhos): e de repente, de duas semanas para cá, lá está ela desenhando pessoas, com olhos, boca, orelhas (raramente lembra do nariz), um corpo pequeno, braços, pernas e mãos e pés com dedos longuíssimos. Mais que isso: ela coloca, espontaneamente, detalhes que têm a ver com o personagem representado. O pai ganha óculos; a mãe, cabelos mais longos; o Nemo, barbatanas e o Capitão Gancho, um grande chapéu. Quanto aos auto-retratos, são o máximo dos máximos, pois Lulu nunca se esquece de que seus cabelos são enroladinhos e faz um monte de círculos no alto da cabeça do boneco! E amarelos, se houver lápis ou giz de cera disponíveis...!

A essa altura, sei o que vocês estão pensando. Com malícia, condescendência ou (possivelmente) compreensão, devem estar achando que sou uma mãe muito “coruja” e que, ora bolas, por mais inteligente que seja, a Luciana não está fazendo nada diferente do que qualquer criança da sua idade. É isso, não é?

Pois saibam que tenho plena consciência das duas coisas. Uma, de ser uma tremenda "coruja", como aliás toda mãe que se preza. Outra, de que a Lulu é perfeitamente normal, não está superadiantada para a idade, está se desenvolvendo dentro dos padrões esperados. O que me surpreende e ao pai dela, e que nos deixa maravilhados (e se possível ainda mais "bobos" é ver como ela chegou a isso numa espécie de salto, sem que percebêssemos a transição... como tão de repente aquele bebê que mal sabia andar e falar se transformou nessa garotinha cheia de frases, trejeitos e muita, muita vontade própria. É mais ou menos como se tivéssemos ido dormir, deixando no jardim um botão de rosa... e de manhã a encontrássemos aberta, com pétalas de cores ainda mais belas do que jamais teríamos esperado.

Sabemos que nossa pequena flor ainda não está completamente desabrochada: que ainda precisa de muito alimento, muito Sol, muito cuidado e carinho de seus jardineiros. Mas as cores que estão dentro dela não seremos nós a lhe dar: elas já estão lá. E por mais que o presenciemos, jamais nos cansaremos de nos maravilhar com o espetáculo de cada nova pétala que se abre. Ou de constatar, como diria João Cabral, que

(...) as mãos que fazem coisas
nas suas já se adivinham
...

.....

Pois é... Ela está crescendo... O que mais posso dizer?

.....

Abraços pra vocês,

Ana Lúcia

segunda-feira, agosto 02, 2004

O Fabuloso Maurício



Quando os ratos descobriram os livros - e a noção de livros, de um modo geral, ainda era difícil para a maioria dos mais velhos - encontraram, na livraria que invadiam todas as noites, O Livro.

Era um livro incrível(...).

Lá havia animais usando roupas. Havia um coelho que caminhava nas patas de trás e usava terno azul. Havia um rato de chapéu que tinha uma espada e usava um grande colete vermelho, completo, com um relógio numa corrente. Até a serpente usava colarinho e gravata. E todos eles falavam, e nenhum deles comia nenhum dos outros, e - era esta a parte inacreditável - todos falavam com humanos, que os trtavam bem, como humanos pequenos (...).

Sim, O Sr. Coelho vive uma aventura era motivo de muitas discussões entre os Mutantes. Qual seria sua finalidade? Seria, como Perigoso Feijão acreditava, uma visão de algum futuro glorioso? Teria sido feito por humanos? A livraria tinha sido feita para humanos, é verdade, mas com certeza os humanos não fariam um livro sobre Ratânio Roberto, o rato que usava chapéu, enquanto ao mesmo tempo envenenavam ratos debaixo dos assoalhos. Ou fariam? Quanta loucura seria preciso para pensar desse jeito?


*****

Estas são as elocubrações que ocupam a mente de Perigoso Feijão, Pêssegos, Sardinhas, Bronzeado Intenso e dos demais membros de sua comunidade de ratos mutantes. Tornados racionais através da ingestão de restos da cozinha - ou do laboratório? - de uma universidade de bruxos, eles viajam na companhia de Maurício (um gato malandro, mas no fundo de bom coração) e de um garoto flautista, aplicando pequenos golpes - na verdade, um único golpe - em cidades do interior. Numa delas, entretanto, eles se deparam com algo bem mais complexo e assustador do que todas as coisas que tinham visto até agora, e devem usar de todo o seu talento, coragem e um bocado de sorte para escapar com vida. Ou com as sete vidas, no caso de Maurício...!

Essa história ágil, bem-escrita e que foge ao lugar-comum (acreditem: em fantasy, isso é bastante difícil), saiu da pena mágica de Terry Pratchett, um dos escritores mais conhecidos, prolíficos e criativos do gênero. Pratchett é o criador da série Discworld, cujo estilo humorístico (e um tanto cínico) já conquistou fãs no mundo inteiro, e da qual já foram lançados seis volumes no Brasil. Esta nova obra, entretanto, é independente... e um dos melhores livros que li nos últimos tempos.

Se alguém quiser seguir essa dica, estes são os dados:

PRATCHETT, Terry. O Fabuloso Maurício e seus roedores letrados. São Paulo : Conrad, 2004.

Leiam... e depois me digam...!

Abraços a todos,

Ana